segunda-feira, 5 de julho de 2010

Gustav Holst - The Planets Op.32

Hoje, afim de quebrar a rotina criada desde ante-ontem baseada em obras para piano, resolvi postar um Suite para orquestra de Holst: The Planets. O compositor inglês era muito interessado pela filosofia indiana, o sânscrito, a astrologia e o misticismo.





Os Planetas dominam como obra exclusiva a produção de Gustav Holst. Seu brilho e sucesso permanente desde a estreia, em 1920, jogaram na sombra praticamente tudo mais que ele compôs. É um dado curioso, pois Holst não escreveu sinfonias, quartetos de cordas ou sonatas instrumentais - gêneros, afinal, que fizeram glória dos grandes compositores. Como se costuma medir a grandeza de um compositor segundo a régua dos gênios alemães, um criador como Holst acaba rebaixado. Ora, seu parâmetro é claramente outro, nada tem a ver com a tradição germânica.


Nem mesmo The Planets é uma obra ortodoxa. Não é um poema sinfônico, nem uma sinfonia, nem uma fantasia. Trata-se de uma série de perfis sonoros dos planetas. Sua estrutura não obedece aos padrões convencionais. Como lembra o pesquisador inglês Richard Greene, "sua linguagem - ou seja, os materiais musicais e as inúmeras maneiras de relacioná-los e elaborá-los - era suficientemente consistente para sustentar uma grande variedade de estilos e características. O mais importante é que holst encontrou um jeito de usar as convenções da música européia do século XIX como um contexto para seu estilo particular".


Nesse contexto, há ainda outro paradoxo: The Planets é ao mesmo tempo uma das obras mais populares da história da música e também uma das menos conhecidas do repertório sinfônico padrão. Isso porque os seus sete andamentos raramente são executados como Suite, ou seja, de maneira conjunta. Alguns movimentos isolados são mais ou menos conhecidos, caso de Marte e Júpiter. mas é raríssimo ouvir o derradeiro, Netuno, que conta com a participação de um coral feminino.


Holst levou sete anos para compôr a suite inteira. E ela nasceu sob o signo da astrologia. Por isso, é inútil procurar nela alusões mitológicas. Os nomes dos planetas são associados a características astrológicas:



  • Marte é o mensageiro da guerra, música marcial num implacável compasso 5/4.


  • Vênus é a mensageira da paz, contrasta pela placidez e pelo andamento lento.


  • Mercúrio é o mensageira alado, ressalta a flauta e a celesta no clima de um scherzo.

  • Júpiter é o mensageiro da alegria, é pura dança, com um belo tema central que se transformou num hino patriótico inglês.


  • Saturno é o mensageiro da velhice, começa sombrio, segue com uma marcha nos metais e retorna à serenidade no final.


  • Urano é o mágico, é, na verdade, um segundo scherzo com uma desengonçada melodia no fagote.


  • Netuno é o místico, explora o pianíssimo com enorme habilidade. Parece "música de outro mundo".


  • Na época Plutão não tinha sido descoberto.

Uma luxuriante orquestração completa as características dessa Suite, que permanece viva no repertório das orquestras de todo o mundo. Senão inteira, pelo menos em partes.


- Mars, the Bringer of War: http://www.youtube.com/watch?v=F4oDDmoWf1M&feature=related

- Venus, the Bringer of Peace: http://www.youtube.com/watch?v=oKvG0RU4_fI&feature=related

- Mercury, the Winged Bringer: http://www.youtube.com/watch?v=TrBXtI1jd6k&feature=related

- Jupiter, the Bringer of Jollity: http://www.youtube.com/watch?v=_A-LNkuqq6g&feature=related

- Saturn, the Bringer of Old Age: http://www.youtube.com/watch?v=VQ0Z6kD06Us&feature=related

- Uranus, the Magician: http://www.youtube.com/watch?v=SeF2mMUiw9o&feature=related

- Neptune, the Mystic: http://www.youtube.com/watch?v=c0i7advgnUk&feature=related


Uma interpretação convencional dura cerca de 35 minutos.


Estava pensando em postar o 'guia de audição', mas é muita coisa!

Sempre aberto a comentários, críticas e sugestões.


Agradecimentos,

Música do Dia.