terça-feira, 5 de outubro de 2010

Frederic Chopin - Noturno Op. 62 No. 2 em Mí Maior

Tomando a liberdade de interromper a última das 4 Ballades de Chopin - ato que pode ser enxergado com maus olhos - decidi postar uma obra de beleza e peso emocional ínfimo. O segundo Noturno da opus 62, ainda de Frederic Chopin. Composto em outubro de 1846 este é o último Noturno publicado por Chopin em sua vida.


Os Op. 62 Nos. 1 e 2 são considerados os Noturnos mais maduros de Chopin, exigindo o máximo da capacidade interpretativa do pianista. As complexidades em algumas frases da seção A da peça em questão são difíceis de passar ao espectador, porém, são muito bonitas se passadas corretamente. É uma sensação muito interessante, vale a pena ouvir.

O vídeo incorporado neste post se trata de uma interpretação muito respeitada -como o próprio pianista que a toca - Arthur Rubinstein.

http://www.youtube.com/watch?v=zf8YUL_jlF0

Por falta de tempo não pude fazer uma análise aprofundada da partitura. Entretanto, acho que, para apreciar uma peça como essa, pouco importa saber a harmonia detalhada.

Comentários, sugestões, complementos, enfim, são bem vindos.

Agradecimentos,

Música do Dia.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Frederic Chopin - Ballade n.3 em Lá bemol Maior, Op. 47

Prosseguindo com as Ballades de Chopin, hoje estarei postando sobre a Ballade n. 3, obra escrita em 1841, há relatos de que a obra seja inspirada em um poema, tal como as outras Ballades.


Ballade n.3 em Lá bemol Maior, Op. 47: http://www.youtube.com/watch?v=PCW3631sxkw

A obra abre com uma introdução extensa marcada como dolce. Essa introdução não é relacionada ao resto da obra, mesmo sendo retomada no final. Após a introdução é mostrado um primeiro tema. Aqui, o segundo tema é introduzido por vários dós repetidos na mão direita. Esse tema será retomado algumas vezes ao longo da obra com algumas variações.

Retoma-se algo parecido com o 1º tema que se desenvolve até uma seção furiosa cheia de acordes em Fá Menor e volta para Lá bemol. Mais tarde a armadura muda para Dó sustenido Menor. Uma variação do segundo tema toma forma dessa vez com oitavas com arpeggios e acordes baseados nessas notas oitavadas na mão direita.

Outra variação desse tema é mostrada, agora com um acompanhamento dissonante. A armadura então retorna para Lá bemol Maior. Na coda, o tema mostrado na introdução é retomado com alguns acordes diferentes. A peça termina com um dedilhado bem difícil para a mão direita, junto com um arpeggio descendente. Quatro acordes anunciam o final da peça.

Pelo que eu ví, essa pessa se distingue das outras Ballades por ser a única que muda a armadura - no caso, de Lá bemol Maior para Dó Sustenido Menor.

Críticas, sugestões, se alguém ler essa coisa!

Agradecimentos,

Música do Dia.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Frederic Chopin - Ballade n. 2 em Fá Maior, Op. 38

Seguindo com o tema proposto pelo post de ontem, postarei hoje outra peça das 4 Ballades de Chopin - a Ballade n. 2, Op. 38. Foi escrita em partes na França e outra parte na ilha Espanhola de Majorca, onde passou bastante tempo com sua companheira, George Sand (Amandine-Aurore-Lucile Dupin).







Schumman dedicou sua Kreisleriana, Op. 16 a Chopin, o compositor polonês, em troca, dedicou esta obra a Schumann.

Ballade n. 2 em Fá Maior, Op. 38: http://www.youtube.com/watch?v=MsoUIBcl7iw

Olhando mais a fundo na partirura, em conjunto com a 3 e a 4, a Ballade 2 apresenta uma fórmula de compasso predominante de 6/8. O início da peça vêmos vários dós repetidos, dominante do tom de Fá Maior. Isto vai progredindo até uma melodia. Essa melodia vai se desfazendo gradualmente à medida que vão se repetindo alguns lás na mão direita.

Então o espectador é surpreendido com um dificílimo e agitado Presto con fuoco.

A peça vai voltando ao seu andamento original gradualmente e a primeira melodia tem uma elaboração aí. Assim vai até que o tema presto con fuoco é retomado. Dessa vez com umas variações e termina abruptamente.

O tema original em Fá Maior é retomado, mas dessa vez em Lá menor. E é então que acaba esta peça.

A interpretação marcada pelo link é de Krystian Zimmerman, também editada como o do post anterior.

Uma interpretação convencional dura cerca de 7 minutos.


Críticas, sugestões, dúvidas, falei alguma besteira? Sinta-se livre pra comentar.


Agradecimentos,


Música do Dia.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Frederic Chopin - 4 Ballades - Ballade n.1 em Sol Menor, Op. 23

As quatro Ballades de Chopin são peças de um movimento para Piano Solo, todas compostas entre 1835 e 1842. São algumas das peças mais desafiadoras no repertório de padrão de piano.

O termo "Ballade" foi associado à poesia francesa até meados do século XIX, quando Chopin estava entre os primeiros em botar Ballade na forma musical. As Ballades também foram influenciadas por Franz Liszt e Johannes Brahms que, depois de Chopin, iriam escrever suas próprias Ballades.




Para estas obras achei melhor postar uma de cada vez, uma por dia, dando informações mais aprofundadas sobre cada uma a cada dia. Seguindo a ordem lógica numérica, iniciarei a discorrer sobre a 1ª de todas, a Ballade n.1.

A Ballade n.1 em Sol Menor Op. 23 foi composta de 1835 a 1836 durante seus primeiros anos em Paris e foi dedicada ao Monsieur le Baron de Stockhausen.

Ballade n.1, Op. 23: http://www.youtube.com/watch?v=RR7eUSFsn28

Mais a fundo na peça, olhando para a partitura, tem uma introdução que, ao contrário de várias opiniões que encontrei pela internet, não é paralela ao resto da música, trata-se da primeira inversão do acorde de Lá bemol maior, isso acaba dando uma aura majestosa na obra em sí.

A parte principal da obra consiste de 2 temas centrais. Uma pequena introdução nos leva ao primeiro tema. Depois de certa elaboração, o segundo tema é exposto. Também há elaboração em cima deste segundo. Ambos os temas retornam em tons diferentes, e o primeiro tema finalmente retoma novamente ao mesmo tom, agora com uma mão esquerda diferente.

Um eletrizante acorde nos leva à coda, marcada como Presto con Fuoco.

Tecnicamente, é uma peça dificílima, várias passagens requerem rápidas escalas, acordes bem grandes e rápidos, notas oitavadas, e dedilhado incrivelmente difícil.

O fator diferencial dessa obra é a sua fórmula de compasso que, ao contrário das outras Ballades escritas em 6/8, é de 6/4 na maioria, com excessão da introdução 4/4 e a Coda 2/2.

A performance marcada no link é de Krystian Zimmerman, a performance não foi ao vivo, foi editada, por isso sua perfeição em todas as partes, só assim para superar o Horowitz!

Críticas, sugestões, dúvidas, querer aparecer, é só comentar!

Agradecimentos,

Música do Dia.


terça-feira, 6 de julho de 2010

Tchaikovsky - Piano Concerto n.1 Op. 23 em Si Bemol Menor

Em dezembro de 1874 esta peça foi concluída. O principal incentivador para o compositor foi o pianista (considerado o melhor de seu tempo) Nikolai Rubinstein. Então, logo depois de terminada a peça, Tchaikovsky não hesitou em mostrar a obra ao crítico: "Como não sou pianista, era essencial mostrar a um virtuose que me indicasse, no sentido técnico, o que estava inadequado, ingrato ou inútil de tocar etc.".



Ele tocou até o fim e Rubinstein ficou imóvel e silencioso. Inquieto, o compositor perguntou: "Que tal?". Logo o pianista despejou uma montanha de críticas: "Não é bom em nenhum aspecto, é impossível de tocar. Em termos gerais é obra ruim e vulgar. E, se você revisá-lo do modo que indiquei e no tempo que desejo, lhe darei a honra de estreá-lo".


Furioso, Tchaikovsky gritou: "Não revisarei nem uma só nota!".


O concerto teve sua estréia em Boston, nos EUA, em 25 de outubro de 1875, tendo ao piano o virtuose alemão Hans von Bülow. Arrependido, Rubinstein mudaria de opinião e se tornaria um dos maiores intérpretes dessa obra.







O impactante tema inicial de "Allegro Non Troppo e Molto Maestoso" é uma das melodias mais conhecidas de toda a história da música. Ritmada com acordes do piano, é apresentada pela orquestra e, estranhamente, não retorna mais. Em seguida surgem três temas do "Allegro con Spírito". O primeiro, em oitavas no piano, pertence ao folclore ucraniano, o segundo, nas madeiras, é praticamente um lamento e o terceiro, nas cordas, é lírico. A cadenza valoriza principalmente a região aguda do teclado.



O tema de "Andantino Semplice" é exposto pela flauta e evoca Chopin. Na parte central do movimento, um prestíssimo, Tchaikovsky encaixa a citação da canzonetta francesa "Il Faut S'Amuser, Danser et Rire" (É preciso se divertir, dançar e rir).



O "Allegro con Fuoco" final se equilibra entre música e dança popular - de novo ucraniana - e balé clássico. Percebem-se fragmentos de melodias que retornarão na música para o balé "A Bela Adormecida."



Postarei aqui os links para uma performance excepcional de Van Cliburn ao piano e Kirill Kondrashin na regência. Pra ser franco, nunca ouvi de uma combinação melhor entre pianista e regente para esta obra, nem mesmo Kissin e Karaian. A paixão dos dois é incrível, praticamente eletrizante. Para mim a melhor performance da história.

Uma performance tradicional da obra dura em média 30 minutos:



Mvt I - Allegro Non Troppo e Molto Maestoso - Allegro con Spirito (forma sonata):
Parte 1 - http://www.youtube.com/watch?v=-M7M4UoqBpA&feature=related
Parte 2 - http://www.youtube.com/watch?v=H3kZHvVrT-k&feature=related

Mvt II - Andantino Semplice - Pertíssimo (forma canção):

Mvt III - Allegro con Fuoco (rondó)
Críticas, sugestões, comentários bem vindos!
Agradecimentos,
Música do Dia.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Gustav Holst - The Planets Op.32

Hoje, afim de quebrar a rotina criada desde ante-ontem baseada em obras para piano, resolvi postar um Suite para orquestra de Holst: The Planets. O compositor inglês era muito interessado pela filosofia indiana, o sânscrito, a astrologia e o misticismo.





Os Planetas dominam como obra exclusiva a produção de Gustav Holst. Seu brilho e sucesso permanente desde a estreia, em 1920, jogaram na sombra praticamente tudo mais que ele compôs. É um dado curioso, pois Holst não escreveu sinfonias, quartetos de cordas ou sonatas instrumentais - gêneros, afinal, que fizeram glória dos grandes compositores. Como se costuma medir a grandeza de um compositor segundo a régua dos gênios alemães, um criador como Holst acaba rebaixado. Ora, seu parâmetro é claramente outro, nada tem a ver com a tradição germânica.


Nem mesmo The Planets é uma obra ortodoxa. Não é um poema sinfônico, nem uma sinfonia, nem uma fantasia. Trata-se de uma série de perfis sonoros dos planetas. Sua estrutura não obedece aos padrões convencionais. Como lembra o pesquisador inglês Richard Greene, "sua linguagem - ou seja, os materiais musicais e as inúmeras maneiras de relacioná-los e elaborá-los - era suficientemente consistente para sustentar uma grande variedade de estilos e características. O mais importante é que holst encontrou um jeito de usar as convenções da música européia do século XIX como um contexto para seu estilo particular".


Nesse contexto, há ainda outro paradoxo: The Planets é ao mesmo tempo uma das obras mais populares da história da música e também uma das menos conhecidas do repertório sinfônico padrão. Isso porque os seus sete andamentos raramente são executados como Suite, ou seja, de maneira conjunta. Alguns movimentos isolados são mais ou menos conhecidos, caso de Marte e Júpiter. mas é raríssimo ouvir o derradeiro, Netuno, que conta com a participação de um coral feminino.


Holst levou sete anos para compôr a suite inteira. E ela nasceu sob o signo da astrologia. Por isso, é inútil procurar nela alusões mitológicas. Os nomes dos planetas são associados a características astrológicas:



  • Marte é o mensageiro da guerra, música marcial num implacável compasso 5/4.


  • Vênus é a mensageira da paz, contrasta pela placidez e pelo andamento lento.


  • Mercúrio é o mensageira alado, ressalta a flauta e a celesta no clima de um scherzo.

  • Júpiter é o mensageiro da alegria, é pura dança, com um belo tema central que se transformou num hino patriótico inglês.


  • Saturno é o mensageiro da velhice, começa sombrio, segue com uma marcha nos metais e retorna à serenidade no final.


  • Urano é o mágico, é, na verdade, um segundo scherzo com uma desengonçada melodia no fagote.


  • Netuno é o místico, explora o pianíssimo com enorme habilidade. Parece "música de outro mundo".


  • Na época Plutão não tinha sido descoberto.

Uma luxuriante orquestração completa as características dessa Suite, que permanece viva no repertório das orquestras de todo o mundo. Senão inteira, pelo menos em partes.


- Mars, the Bringer of War: http://www.youtube.com/watch?v=F4oDDmoWf1M&feature=related

- Venus, the Bringer of Peace: http://www.youtube.com/watch?v=oKvG0RU4_fI&feature=related

- Mercury, the Winged Bringer: http://www.youtube.com/watch?v=TrBXtI1jd6k&feature=related

- Jupiter, the Bringer of Jollity: http://www.youtube.com/watch?v=_A-LNkuqq6g&feature=related

- Saturn, the Bringer of Old Age: http://www.youtube.com/watch?v=VQ0Z6kD06Us&feature=related

- Uranus, the Magician: http://www.youtube.com/watch?v=SeF2mMUiw9o&feature=related

- Neptune, the Mystic: http://www.youtube.com/watch?v=c0i7advgnUk&feature=related


Uma interpretação convencional dura cerca de 35 minutos.


Estava pensando em postar o 'guia de audição', mas é muita coisa!

Sempre aberto a comentários, críticas e sugestões.


Agradecimentos,

Música do Dia.

domingo, 4 de julho de 2010

Franz Liszt - Liebesträume - Liebestraum n.3

Liebesträume - Sonhos de Amor em Alemão, no singular é "Liebestraum" - é um conjunto de três obras para solo piano por Franz Liszt publicado em 1850. O termo Liebestraum normalmente é atribuído à 3ª composição, a mais famosa das três. Originalmente as músicas foram baseadas em alguns poemas.
Os três poemas retratam diferentes formas de amor. O primeiro Hohe Liebe (Amor Exaltado) é o amor santo, religioso: o "mártir" renuncia o amor e os "portões do céu" são abertos a ele. O segundo se refere já ao "Amor Erótico": "Gestorben war ich". E o terceiro poema e o que vai ser discorrido nesse post, é sobre o amor incondicional e maduro: "Ame o quanto puder!"
Voltando a atenção à minha favorita, a Liebestraum n.3, o link disponível no post é uma interpretação do pianista brasileiro, Álvaro Sivieiro, performance épica feita com paixão e dedicação.
Uma interpretação típica dura entre 4 e 5 minutos.







Essa peça, última das três que Liszt escreveu, pode ser considerada dividida em três seções, cada uma mostrando uma cadenza bem rápida, requerendo destreza nos dedos e alto grau de habilidade técnica.
A mesma melodia é usada por toda a peça, mas sempre com variações, especialmente no meio, em que se atinge o clímax. No final, a peça morre em uma última sessão de acordes, e finalizando com um acorde quebrado, frequentemente tocado bem devagar como se fosse uma nota de cada vez separada.
Espero que ouçam com muita atenção a esta obra prima, obra que eu tenho como uma de minhas favoritas.
Como dito antes, comentários, dúvidas, sugestões são muito bem-vindos.




Agradecimentos,




Música Clássica do Dia.